A população da Região 5 atingida pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, composta pelos municípios de Abaeté, Biquinhas, Felixlândia, Martinho Campos, Morada Nova de Minas, Paineiras, São Gonçalo do Abaeté e Três Marias, está mais próxima de alcançar mais uma conquista na busca por seus direitos no processo de reparação.
Em resposta a uma decisão do juiz Murilo Silvio de Abreu, o Comitê Técnico-Científico da Universidade Federal de Minas Gerais (CTC/UFMG) se manifestou indicando a possibilidade de realizar estudos na região. O objetivo é avaliar se as diferentes formas de certos elementos químicos encontrados em amostras de água, sedimentos e peixes coletadas na Represa de Três Marias correspondem às encontradas em amostras de rejeitos da barragem rompida em Brumadinho. Com isso, será possível investigar a extensão da dispersão dos rejeitos e a possível relação de causalidade dos danos ambientais com o rompimento.
A proposta das perícias foi formalizada no Subprojeto 68, com orçamento estimado em cerca de R$ 4,5 milhões. A previsão é que ela seja desenvolvida em três etapas:
O estudo tem grande importância, segundo a supervisora de Reparação Socioambiental do Guaicuy, Mônica Campos, pois permitirá investigar a origem dos elementos potencialmente contaminantes em diferentes matrizes ambientais (água e solos, por exemplo), inclusive biológicas (peixes). Ela ressalta que a metodologia possibilitará ainda análises de bioacumulação, dos processos biogeoquímicos e da dinâmica de transporte dos rejeitos, tanto por via aquática quanto atmosférica.
Segundo a proposta do CTC, até o momento não há estudos comprovando a presença dos elementos potencialmente contaminantes em água ou sedimento dentro da Represa de Três Marias que sejam oriundos dos rejeitos liberados com o rompimento da barragem. Por isso, ainda é incerta a real extensão dos impactos dos rejeitos liberados.
O projeto já foi submetido à apreciação do juiz, que deverá se manifestar nos próximos dias, intimando as partes envolvidas para apresentação de posicionamentos sobre o subprojeto. O andamento desse processo representa um o significativo para as pessoas atingidas da Região 5, que há anos buscam respostas sobre a contaminação da Represa e os possíveis impactos na saúde, no ambiente e nos modos de vida. Além disso, também podem ser relevantes no processo de resolução (liquidação) coletiva das indenizações individuais, em que os danos ainda serão identificados e valorados.
Imagem destacada: Daniella Paoliello/Guaicuy
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