Instituto Guaicuy

Indígenas Borum-Kren compõem teia de saberes em evento na UFMG s3a21

26 de maio, 2025, por Ellen Joyce Marques 1q5c10

Instituto Guaicuy, ao lado de indígenas Borum-Kren atingidos pela mineração predatória, integra teia da água e da terra em encontro emocionante, que reúniu povos negros e indígenas de diversas regiões do Brasil. 

“Quilombo-aldeia de ideias”. É assim que, na voz da co-líder do grupo de Pesquisa e Ação em Contexto de Risco (Corisco), Capitã Pedrina, foi definido o “I Encontro Nacional Somos Corisco”. O evento foi realizado nos dias 24 e 25 de abril de 2025, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), campus Pampulha, em Belo Horizonte, e teve o objetivo de construir alianças contracoloniais com acadêmicos e povos tradicionais de diversas regiões do Brasil. 

Por meio, entre outras coisas, de uma articulação do Instituto Guaicuy junto ao Corisco, grupo vinculado ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFMG, a moradora de Antônio Pereira, Dona Marli Rodrigues, o antropólogo Matheus Arcanjo e o cacique Danilo Borum-Kren participaram do segundo dia de encontro, como convidados especiais representando o povo Borum-Kren. 

Na ocasião, foi realizada uma grande roda de conversa seguida de reuniões das teias de saberes, com temas ligados aos quatro elementos da natureza: terra –  confluências e conflitos territoriais e mudanças climáticas; fogo – comunicações, conhecimentos, lutas e resistências afro e indígenas; água –  educação intergeracional e produção de saberes que nutrem e curam e; ar – sonhos de mundos e alianças possíveis, memória e busca da união nas lutas. 

Água e terra na luta contracolonial frente à mineração predatória 223t5s

A equipe do Guaicuy compôs as teias da água e da terra, considerando, especialmente, que os conflitos instaurados pela mineração predatória, em territórios como Antônio Pereira, estão diretamente ligados ao conflito fundiário e à destruição das águas. 

Em processo de retomada, o povo Borum-Kren há muito tempo lida com os avanços da mineração sobre seu território e os bens que nele existiam em abundância, como a água. Esse foi um dos motivos que levou o cacique Danilo, Dona Marli e o pós-graduando Matheus a integrarem o “Somos Corisco”. “A nossa  região já sofre com o processo da mineração há mais de três séculos. Então, a gente tá aqui pensando formas de estar no território e pensar outras formas de viver, de sobreviver”, afirma Danilo. 

Participante da teia da terra, o cacique conta ainda como foi importante esse momento de partilha. “A gente vê ali vários outros povos e comunidades tradicionais, numa interação onde estava sendo debatidas várias pautas referentes ao território, questões do meio-ambiente, mudanças climáticas e cada povo tá ali levando a sua realidade”, relata o cacique Danilo Borum-Kren, que completa: “essa junção, esse momento ali de integração, é muito importante pra gente poder conhecer, poder articular e poder apoiar um ao outro”.

Lado a lado com lideranças afropindorâmicas 685j3p

“Realizamos um evento gostoso e acolhedor, potente politicamente, grávido de efeitos de boniteza, de pensamentos e de práticas”, celebra a professora Luciana Oliveira, co-líder do Corisco. As discussões e propostas que emergiram no encontro foram enriquecidas pelas contribuições das mais diversas lideranças afropindorâmicas, ou seja, indígenas, quilombolas, negras e negros do Brasil, que, de acordo com o sábio Antônio Bisco dos Santos (Nego Bispo) estão interconectados, também, através da luta contracolonial. 

Para o cacique Danilo, ter contato com essas outras realidades, que pensam a vida longe das questões impostas pela mineração, é fundamental. “Estar aqui é importante por isso, porque a gente começa a entender, ampliar os horizontes e entender outras formas de sobreviver no nosso território”, afirma ele.

Além do Instituto Guaicuy, ao lado do Povo Borum-Kren, participaram do evento os povos Kaingáng, Tuxá, Xakriabá, Pankararu, Pataxó e Xukuru-Karir, além da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente, da Guarda 13 de Maio, da Irmandade Os Leonídios, do Kilombu Manzo Ngunzo Kaiango, do Quilombo Vó Rita e do Boi Livre. Participaram também pesquisadoras e pesquisadores das Universidades Federais de Minas Gerais, do Tocantins, do Pará e do Rio de Janeiro e dos Institutos Federais de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Ceará.

Conheça as lideranças afropindorâmicas que estiveram no evento

Saiba mais sobre o “Somos Corisco”

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais! 522c6a

O que você achou deste conteúdo? Cancelar resposta 4o4b2i

O seu endereço de e-mail não será publicado. Todos os campos são obrigatórios.

Ao comentar você concorda com os termos de uso do site.

Assine nossa newsletter 5lg10

Quer receber os destaques da atuação do Guaicuy em primeira mão? Assine nosso boletim geral!