Instituto Guaicuy

Guaicuy envia ao juiz documento sobre Estudos de Risco nas Regiões 4 e 5 6z4h26

21 de janeiro, 2025, por Mathias Botelho g2q4z

O Instituto Guaicuy enviou, na segunda-feira (20), um ofício ao juiz Murilo Silvio de Abreu com considerações sobre os Estudos de Avaliação de Risco à Saúde Humana e Risco Ecológico (ERSHRE) nas Regiões 4 e 5. O documento foi solicitado pelo juiz durante audiência em dezembro de 2024 que discutiu o atraso na execução dos Estudos de Risco.

O conteúdo foi compartilhado com as pessoas atingidas em reunião realizada no dia 16 de janeiro. O ofício, junto com documentos apresentados pelas demais Assessorias Técnicas Independentes (ATIs), já foi incluído nos autos do processo por determinação do juiz Murilo Silvio de Abreu.

Clique aqui para ler o ofício

Confira abaixo um resumo dos principais pontos levantados pelas pessoas atingidas e pelo Guaicuy 276o5c

  • Tempo dos Estudos

Há grande preocupação com os atrasos. Em quase 6 anos após o rompimento praticamente não foram feitas análises, o que cria a dúvida sobre a possibilidade de evidências terem sido perdidas ao longo do tempo. 

“Assim, para que se respeitem os princípios da reparação integral e da dignidade da pessoa humana, faz-se imprescindível a adoção de medidas corretivas que assegurem a celeridade, a qualidade técnica e a inclusão da multiplicidade de aspectos que permeiam os danos enfrentados pelas comunidades atingidas”, afirma o Guaicuy. 

“Esses atrasos e inconsistências impactam profundamente a vida das populações atingidas, especialmente de mulheres, crianças e outros grupos vulneráveis, que convivem diariamente com dúvidas sobre possíveis contaminações. Relatos de mães que acompanham o adoecimento físico de seus filhos e familiares, sem explicações claras, e a ausência de respostas efetivas do sistema público de saúde, somados ao agravamento da saúde mental, decorrente da morosidade dos processos, evidenciam a urgência de medidas eficazes”, completa. 

  • Dificuldade de comunicação com as pessoas atingidas

O ofício do Guaicuy aponta que, “além da ausência de participação efetiva e da carência de informações mínimas sobre os procedimentos adotados, que essa problemática foi agravada pela falta de comunicação eficaz entre a empresa contratada e as comunidades atingidas”. 

As críticas foram explicitadas numa carta escrita pelas pessoas atingidas em novembro de 2022,que foi citada no documento entregue ao juiz. 

  • Condução dos Estudos de Risco com PCTs

Há problemas nos Estudos de Risco com os Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) das Regiões 4 e 5. A execução das medidas de reparação deve levar em consideração as especificidades e singularidades desses povos, garantindo a realização de consultas prévias, livres e informadas. Isso não foi respeitado, por exemplo, com o Povo Kaxixó e com os Ribeirinhos do São Francisco. 

Os ribeirinhos enviaram recentemente uma carta às Instituições de Justiça (IJs) relatando suas insatisfações. 

  • Problemas nos Estudos

O Guaicuy pontua, por exemplo, o não cumprimento da metodologia inicialmente proposta, a ausência de comunicação periódica com as pessoas atingidas, a desconsideração das particularidades dos territórios para a realização de reuniões (presenciais e virtuais), a falta de publicidade dos resultados dos estudos, o uso de linguagem demasiadamente técnica e pouco eficiente para com as pessoas atingidas e a ausência de participação popular na seleção da empresa contratada.

  • Região 5 merece atenção especial

“Esta particularidade merece alguma atenção, pois a região ainda se encontra sob risco de receber mais rejeitos oriundos do Rio Paraopeba, uma vez que a permanência e a morosidade extrema das operações de retirada de rejeitos ao longo da calha do Rio, sugerem que os rejeitos “retidos” na altura da usina de Retiro Baixo aos poucos permanecem como uma fonte potencial de contaminação para o reservatório de Três Marias”, afirma o ofício. 

Sugestões apresentadas ao juiz

  • Que os resultados dos Estudos sejam sempre publicizados. 
  • Que os Estudos sejam executados de maneira robusta.
  • Que seja disponibilizado o livre o a todos os documentos dos Estudos.
  • Que haja um espaço direto de participação popular das pessoas atingidas junto à empresa executora dos Estudos e demais atores envolvidos. 
  • Que se reavalie a rede amostral adequada para coleta de dados ambientais atuais, considerando o aumento de pontos de coleta nas áreas-alvo e sua ampliação para todos os municípios da Região 5
  • Que se amplie o espectro temporal dos Estudos para monitorar a possível contaminação que não seja imediata com o monitoramento a médio e longo prazos.
  • Que seja feita a coleta de dados reais relacionados às análises de presença de contaminantes químicos, em particular das substâncias químicas de interesse (SQIs), no sangue, cabelo e urina das populações atingidas antes da Fase 5.
  • Que se considere também a avaliação clínica das pessoas atingidas, por amostragem, em todos os territórios atingidos, antes da Fase 5.
  • Que haja garantia do acompanhamento das Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) aos Estudos. 
  • Que os Estudos respeitem a legislação estadual e federal das pessoas atingidas (PEAB e PNAB) e também os direitos dos PCTs. 

Imagem de Quel Satto/Guaicuy x5k3g

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